ORSSE APRESENTA “MODERNIDADE EM PRELÚDIO” E CELEBRA O DIÁLOGO MUSICAL ENTRE BRASIL E PORTUGAL
A Orquestra Sinfônica de Sergipe (Orsse) apresenta, na próxima quinta-feira, 6 de novembro, às 20h, no Teatro Tobias Barreto, o concerto “Modernidade em Prelúdio: Brasil e Portugal em diálogo na aurora do século XX”, sob regência do maestro convidado Daniel Nery e com a participação do pianista português João Moreira como solista. Os ingressos estão disponíveis online na plataforma Sympla e nas bilheterias do Teatro Tobias Barreto, a preços populares. A Orsse é uma realização do Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap/SE), e conta com patrocínio do Banese Card e apoio do Instituto Banese.
O programa propõe uma travessia sonora entre o fim do romantismo e os primeiros lampejos da modernidade, unindo compositores que, cada um à sua maneira, expressaram a inquietação artística e a busca por novas linguagens que marcaram o início do século XX. A presença de um solista português reforça a ponte simbólica entre Brasil e Portugal, duas nações unidas pela língua e por uma tradição musical que ecoa de ambos os lados do Atlântico.
O maestro Daniel Nery destaca a realização do evento. “Este concerto é um olhar sobre o momento em que a música europeia se reinventa. A transição entre séculos foi também uma transição de sensibilidades: o heroísmo romântico cedia espaço à cor, ao ritmo e à invenção. Ter um pianista português como João Moreira neste contexto amplia ainda mais o diálogo cultural, reafirmando nossos laços históricos e artísticos”, ressalta.
Repertório
A abertura se dá com Ludus pro Patria, da compositora Augusta Holmès, uma das vozes mais ousadas do final do século XIX. Escrita em 1888, a obra exalta o espírito nacional francês, combinando energia épica e refinamento orquestral. A peça simboliza o ideal heroico que marcou a estética do romantismo tardio, com uma sonoridade grandiosa, mas já repleta de sinais de modernidade.
Na sequência, o pianista João Moreira interpreta a Fantasia para piano e orquestra, Op. 20, do compositor português Luiz Costa. Raramente executada, a obra é um elo entre o lirismo romântico e a sofisticação harmônica que floresceu nas primeiras décadas do século XX. “Luiz Costa foi um dos primeiros compositores portugueses a integrar a linguagem pós-romântica europeia à tradição ibérica. Sua Fantasia é intensa, elegante e profundamente expressiva”, ressalta Nery.
Ainda com o solista, segue-se o Concerto para piano em Sol maior de Maurice Ravel, uma das obras-primas do modernismo francês. Inspirado pelo jazz e pelo colorido orquestral da década de 1920, o concerto combina leveza, virtuosismo e uma poética modernidade sonora, símbolo do novo século que se abria.
Encerrando o programa, a orquestra interpreta Les Préludes, de Franz Liszt. Com sua força visionária e estrutura cíclica, a obra representa o romantismo em sua forma mais grandiosa e filosófica. Ao lado de Ravel, Costa e Holmès, Liszt figura aqui como o elo ancestral — o compositor que abriu caminho para a modernidade do século XX.
“De Holmès a Liszt, o concerto é uma narrativa sobre o tempo, sobre como a música transforma o passado em futuro. Essa é a essência da arte, a modernidade está sempre em prelúdio”, conclui o maestro. Foto: Thiago Santos

